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A influência das mídias sociais na geração de votos

A discussão sobre o papel das mídias sociais nas eleições não é nova. Desde 2014 há um debate em torno de quanto é essa influência, porque existe uma certeza de que as mídias sociais geram o engajamento de eleitores e converte votos. Um exemplo clássico usado é a eleição de Donald Trump em 2016. O então candidato a presidente dos Estados Unidos usou e abusou das redes sociais para atrair eleitores que não queriam votar (nos EUA o voto não é obrigatório).

A ação da empresa de análise de dados Cambridge Analytica, que teria usado, sem autorização, os dados de 50 milhões de usuários do Facebook em campanhas de publicidade, foi revelada dois anos após a eleição de Trump, tendo no centro da polêmica o marqueteiro Christopher Wylie, que criou uma verdadeira ferramenta de “guerra psicológica”, voltada para o uso de dados e da força das redes sociais para manipular a opinião pública. Entre seus cases de sucesso estão a eleição de Trump para a presidência dos Estados Unidos e a campanha para que o Reino Unido deixasse a União Europeia, decidida por referendo realizado no mesmo ano.

No Brasil, a eleição de Jair Bolsonaro se deu quase que exclusivamente através de redes sociais, tendo inclusive gerado um processo na Justiça Eleitoral contra a chapa formada pelo atual presidente e pelo seu vice, general Hamilton Mourão, por causa de fake news espalhadas nas redes e via Whatsapp. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não cassou a chapa, mas cassou o mandato do deputado estadual do Paraná Fernando Francischini pelo mesmo motivo.

Esse tipo de ação orquestrada de fake news tem um “guru” internacional, o marqueteiro Steve Bannon, chefe da campanha de Trump, que flertou com a família Bolsonaro no Brasil. Cogitado para trabalhar na campanha pela reeleição de Bolsonaro, Bannon é réu nos EUA por desacato ao Congresso e por suspeita de ter relação com a invasão ao Capitólio após a eleição de Joe Biden contra Trump.

Diante de tantos casos controversos, é possível dizer que as mídias sociais influenciam diretamente no voto, ainda mais se levarmos em conta pesquisas que atestam essa influência. 

O Instituto DataSenado, por exemplo, divulgou, em dezembro de 2019, a pesquisa “Redes Sociais, Notícias Falsas e Privacidade na Internet”. No levantamento, 45% dos entrevistados afirmaram ter decidido o voto na eleição de 21018 levando em consideração informações vistas em alguma rede social. Na ocasião, a Agência Senado fez uma matéria sobre o tema, destacando que a principal fonte de informação do brasileiro era o WhatsApp. Das 2,4 mil pessoas entrevistadas, 79% disseram sempre utilizar essa rede social para se informar.

Outra pesquisa mais recente feita pelo Instituto Mapa, em agosto de 2021, aponta que 30% dos entrevistados acreditam que as redes sociais serão as maiores influenciadoras de votos nas eleições de 2022, contra 28% que acreditam ser a televisão a maior influenciadora. A pesquisa foi feita de maneira proporcional ao peso populacional de cada região do Brasil.

Combate às fake news

As redes sociais se tornaram tão importantes no processo eleitoral, que o TSE têm adotado cada vez mais medidas para deixar esses ambientes mais seguros e menos propensos a aceitar a divulgação de fake news. O combate à desinformação deve ser ostensivo em 2022. 

Pensando nisso, o TSE realizou, em outubro de 2021, o II Seminário Internacional Desinformação e Eleições. Com a mediação do ministro Luís Roberto Barros, representantes de Facebook, Instagram, Twitter, TikTok e Whatsapp se reuniram para debater e explicar quais medidas serão adotadas pelas mídias sociais com vistas a evitar a propagação de desinformação nas eleições do próximo ano. 

Neil Pots, vice-presidente de políticas públicas do Meta, proprietário de Facebook, Instagram e Whatsapp, anunciou que para o pleito de 2022, Facebook e Instagram terão um rótulo em postagens que tratam de eleições. Ao clicar nos conteúdos, serão redirecionados para o Portal da Justiça Eleitoral, que contém informações oficiais sobre o sistema de votação e artigos que rebatem desinformação sobre o processo eleitoral.

Potts lembrou que as ações foram pensadas para auxiliar na integridade das eleições nacionais. “Essa é uma prioridade para nós, e temos trabalhado nos últimos anos com o TSE para proteger o processo democrático ao identificar e agir contra ameaças e, assim, ajudar as pessoas a terem acesso a informações confiáveis sobre a votação”, pontuou.

Lisa Reyes, diretora sênior de Política de Tecnologia, e conselheira jurídica do TikTok, disse que a plataforma não permite anúncios políticos pagos e que, quando entendem que uma propaganda fere a política de conteúdo da rede, ela é removida. Segundo Reyes, pelo fato de o TikTok ter uma comunidade de usuários mais diversa, o desafio é único. Em 2020, citou, a empresa foi capaz de identificar tendências e monitorar as desinformações de forma próxima. Assim, pôde revisar conteúdos que foram utilizados para disseminar fake news e removê-los da plataforma.

Já a vice-presidente do WhatsApp, Victoria Grand, destacou que a rede é bem diferente das outras mídias sociais, uma vez que promove conversas entre duas pessoas ou em grupos, mas sempre em caráter privado. Para ela, a criptografia adotada pela plataforma é essencial para assegurar a privacidade, o que não significa clandestinidade.

“Adotamos, de forma constante, medidas para combater a desinformação. Uma delas foi limitar o compartilhamento de mensagens de forma massiva. Isso representou uma queda de 70%, somente no Brasil, no envio de mensagens que identificamos como falsas”, declarou.

Com informações da Assessoria de Comunicação do TSE.