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Como funcionam os algoritmos e como usá-los em sua campanha

Tudo que envolve a evolução tecnológica dos últimos anos tem a contribuição dos algoritmos. A presença deles serve para entender melhor o comportamento humano na Internet, sobretudo nas mídias sociais, por isso conhecer os algoritmos é essencial para a estratégia digital de uma empresa ou de uma campanha.

No entanto, engana-se quem pensa que os algoritmos são códigos complexos, impossíveis de serem decifrados, ligados apenas à tecnologia. O conceito de algoritmos existe há séculos, mas tornaram-se mais conhecidos na modernidade, principalmente, quando associados aos computadores e às estratégias de otimização para buscadores.

Nos tempos modernos, o conceito de um algoritmo foi formalizado em 1936 pela Máquina de Turing de Alan Turing e pelo cálculo lambda de Alonzo Church, que formaram as primeiras fundações da Ciência da computação.

Simplificando, o algoritmo nada mais é do que uma sequência de raciocínios, instruções ou operações para alcançar um objetivo. Por incrível que pareça, os algoritmos estão presentes em receitas culinárias, manual de instrução de aparelhos, funções matemáticas e até mesmo páginas da Internet.

O exemplo da receita culinária é um dos mais práticos quando se fala em algoritmos. Ela tem os ingredientes necessários (dados de entrada), passo a passo para realizar a receita (processamento ou instruções lógicas) e atinge um resultado (o prato finalizado). 

Mas como os algoritmos podem ser utilizados para ajudar em uma campanha eleitoral, por exemplo? De acordo com Christiane Liberatori, CEO da Campanha Digital, o primeiro passo para entender como usar os algoritmos é ter em mente que as mídias sociais são softwares que vão seguir três regras básicas: regras de visibilidade, regras de acesso a dados pessoais e regras de contato.

Liberatori cita como exemplo de regra de visibilidade o EdgeRank, o algoritmo do feed de notícias do Facebook, responsável por filtrar as publicações e priorizar o que é relevante para cada usuário. “Existe uma sequência de regras de visibilidade, por isso é importante estudar como funciona em cada mídia social antes de fazer qualquer ação. O ideal é não encher as mídias com publicações demais, onde uma atropela a outra, e ter a sensibilidade para perceber que, quando um post está alcançando um engajamento maior, não se pode publicar um novo só para manter a agenda de postagens. Deixa queimar a lenha dessa que está fazendo sucesso primeiro, porque uma atrapalha a visibilidade da outra”, explica.

A segunda regra é de acesso a dados pessoais. Neste caso, vale sempre lembrar que existe uma lei chamada LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que estabelece regras sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais, impondo mais proteção e penalidades para o não cumprimento. Ou seja, antes de qualquer ação é preciso entender a LGPD e seguir os preceitos da Lei.

Liberatori ressalta que cada mídia social tem sua própria política de liberação de dados pessoais dos usuários. O Twitter, por exemplo, deixa praticamente todos os dados abertos. Já o Facebook não é assim. No Facebook para as pessoas visualizarem o que você publica elas precisam ter permissão, a não ser que as postagens sejam públicas e mesmo assim, o Facebook não autoriza você a consumir aqueles dados sem que os usuários autorizem. 

“Essa autorização se dá através de aplicativos sociais, aquela associação de contas que a gente faz no Facebook. Isso significa que o Facebook só libera dados se o usuário der autorização para alguma ferramenta externa, como aqueles testes para saber ‘qual personalidade é você’ etc, afirma.

Já o Instagram, segundo Liberatori, impede qualquer tipo de integração, não tem API aberta. Para usar o Instagram é preciso aplicar outras regras e estratégias, pois não é possível integrar outra tecnologia.

A terceira regra para utilização de algoritmos são as regras de contato. Quem nunca ficou de castigo nas mídias sociais porque achou que podia enviar convites para mais de 30 pessoas, seja para uma palestra, ou uma festa. Os algoritmos das mídias sociais bloqueiam o usuário, seja no Facebook, Instagram ou Twitter. Este último, aliás, é o mais “chato”, pois não bloqueia por apenas um período, mas deleta a conta definitivamente. 

“Você é punido por causa dessas regras de contato. De uma forma geral as mídias sociais tentam moralizar a questão do spam criando algoritmos que travam um determinado volume de interações”, explica Liberatori. “Entaõ, quando você pensar em construir alguma ferramenta precisa levar em consideração as regras do jogo. Cada mídia social é um software, cada software tem seus algoritmos, que criam regras e que precisam ser respeitadas”, finaliza.

Como funcionam os algoritmos em cada mídia social*

  • Google

É provável que o algoritmo do Google seja o mais conhecido e não é por acaso que seu segredo é muito bem guardado pela empresa.

O PageRank, como é chamado, foi criado em 1998, com o objetivo de rastrear e apresentar os resultados de pesquisa ao usuário por relevância.

A importância de um site era determinada pela quantidade de sites vinculados a ele, o que tornava relativamente fácil burlar os resultados, surgindo o black hat, que usa más práticas para tentar “enganar” o PageRank.

Desde então, o Google já promoveu uma série de mudanças no algoritmo, passando a considerar centenas de variáveis para que uma página seja rankeada. Atualmente, o modelo verifica questões como as preferências do usuário, aparelho usado, qualidade do conteúdo, localização etc.

  • Facebook

O Facebook foi a primeira rede social a usar algoritmos para categorizar os posts e utilizar critérios para definir o que seria ou não exibido para cada usuário. O objetivo era mostrar os conteúdos mais relevantes de acordo com o comportamento, preferências e engajamento do usuário.

Apesar das críticas à empresa, o excesso de publicações faz com que seja difícil uma pessoa acompanhar tudo que acontece na rede. Dessa forma, alguns dos milhares de critérios usados pela rede social para definir a composição do feed são:

  • postagens a serem mostradas;
  • nível de proximidade do usuário com quem postou o conteúdo;
  • engajamento de outros amigos com a publicação;
  • potencial engajamento do usuário considerando o comportamento prévio.

Portanto, diversos elementos são considerados pelo algoritmo antes de definir quais conteúdos serão exibidos no feed de notícias, buscando mais relevância e engajamento do usuário no Facebook.

  • Twitter

Diferentemente de outras redes sociais, o Twitter não usa exclusivamente o algoritmo para determinar o feed. Isso se deve ao caráter cronológico que precisa ser mantido pela rede para que atenda ao objetivo de disponibilizar os acontecimentos mais recentes.

Para alcançar esse objetivo, a rede social considera:

  • comportamento prévio do usuário;
  • preferência por temáticas e formatos de conteúdo;
  • relacionamento do usuário com a conta que postou o tweet;
  • engajamento do tweet em si.

A partir desses critérios, o tweet pode ser inserido nas 3 categorias usadas pelo Twitter, que são:

  • tweets rankeados: são os mais relevantes para o usuário com base no comportamento prévio dele e engajamento da rede em si;
  • caso você tenha perdido: aqueles que são relevantes, mas que são mais antigos;
  • timeline: onde são exibidos todos os tweets por ordem cronológica.

Com essas estruturas, o Twitter permite que o usuário acesse a maior parte dos conteúdos e, principalmente, saiba quais são as novidades da rede social.

  • Instagram

Quando foi fundado, o Instagram seguia a mesma lógica cronológica do Twitter, exibindo todas as postagens por ordem, das mais novas às mais antigas.

Essa estrutura foi alterada em 2016 e, atualmente, a rede social considera os seguintes fatores para escalar como serão os feeds dos usuários:

  • temporalidade: ainda que não seja o único critério, a ordem de postagem ainda é considerada na definição do feed;
  • engajamento: o número de comentários e curtidas determina se um post será priorizado ou não na rede, em especial, considerando esse engajamento logo após a postagem;
  • relacionamento: considera a proximidade dos usuários por meio de engajamento, mensagens diretas etc.

Diante disso, verifica-se que os algoritmos usados tendem a ficar mais complexos, incluindo novas variáveis, com o objetivo de torná-los mais certeiros.

  • YouTube

Lá em 2005, quando o YouTube surgiu, o algoritmo usado analisava apenas quantas vezes um vídeo tinha sido iniciado para determinar o rankeamento. No entanto, isso fez com que os produtores de conteúdo priorizassem chamadas apelativas e até mesmo sensacionalistas.

O YouTube percebeu que essa prática não garantia a qualidade dos conteúdos e, desde 2012, o algoritmo considera o tempo médio de visualização, incentivando boas práticas ao gerenciar um canal por lá.

Com isso, as recomendações do site garantem maior qualidade do conteúdo e relevância ao usuário, assegurando uma melhor experiência de navegação.

*Fonte: Rock Content